Seca: produção de energia nas barragens cai 63%
A seca provocou uma quebra de 63% na produção de eletricidade a partir das barragens, nos sete primeiros meses do ano, face ao período homólogo de 2011, conduzindo a um «enorme aumento» do recurso ao carvão.
Os dados, citados pela Lusa, foram divulgados pela associação ambientalista Quercus, que fez a análise dos dados de produção e consumo de eletricidade entre janeiro e julho, em comparação com o período homólogo de 2011, com base nos dados disponibilizados pelas redes energéticas nacionais (REN).
Segundo a associação, «Portugal está sujeito a uma enorme variabilidade climática com incidência no recurso à produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, em particular à hídrica».
Este facto, acrescido de algumas condições específicas de mercado, foram determinantes nos primeiros sete meses de 2012, em que o peso das energias renováveis desceu 15%, de 51,8% para 36,8%, por comparação com o período homólogo de 2011.
Em declarações à agência Lusa, Francisco Ferreira, da Quercus, destacou a queda da produção hídrica nos sete primeiros meses do ano, que «tem sido um período de seca»: «Temos uma quebra da produção hídrica, principalmente das grandes barragens, na ordem dos 63%, o que leva também a uma quebra global da produção a partir de fontes renováveis na ordem dos 15%».
«Portugal deve fazer um caminho para ter 100% de eletricidade a partir de fontes renováveis, mas não é com a grande hídrica que lá chegaremos porque o futuro é de maiores alterações climáticas, de maiores períodos de seca», defendeu, alertando: «o que está a acontecer este ano é o que acontecerá de forma mais frequente no futuro».
Por outro lado, realçou, o preço do carvão tem vindo a descer consecutivamente desde meados do ano passado - resultado da exploração e oferta cada vez maior de gás de xisto nos Estados Unidos - e a utilização que está a ser feita deste combustível mineral «tende a ser cada vez maior».
«Só por causa deste aumento da utilização de carvão, nós temos mais três milhões de toneladas de dióxido de carbono emitidas», alertou.
Os dados da Quercus indicam que, até julho, se verificou «um enorme aumento» do recurso ao carvão, tendo a central térmica de Sines registado um crescimento na produção de 72% e, na central do Pego, de 152%, relativamente a 2011.
«Apesar das centrais a carvão apresentarem baixos níveis de eficiência energética e elevadas emissões de dióxido de carbono por kWh [Quilowatt-hora] produzido, o elevado excedente de licenças de emissão de CO2 à escala europeia, resultante da crise económica, traduz-se num preço do carbono cerca de três vezes abaixo do que seria expectável, o que diminui também os custos de utilização», sublinha a associação.
A Quercus salienta também a redução do consumo de eletricidade da ordem de 3,2% (4,2% se se considerar um correção relacionada com os dias feriados e o clima), em relação a 2011, «claro resultado do abrandamento da atividade económica».
Para Francisco Ferreira, a redução do consumo de luz «é positivo, do ponto de vista ambiental», porque é um sinal de que os portugueses «estarão a fazer um uso mais eficiente da eletricidade em suas casas».
Por outro lado, o saldo importador de energia elétrica teve um aumento de 364%, representando 18% do total do consumo, ao contrário de 2011, em que representava 4%.
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/