Localizada no sudoeste inglês, a Cornualha é o destino nacional de eleição nas férias de Verão. Contudo, a larga linha de costa não está apenas a ser aproveitada para banhos e lazer e, na região inglesa de 3,5 km2 de superfície, há grandes planos para desenvolver umcluster de topo no sector da energia das ondas e marés.
A estratégia, que visa tornar a Cornualha na principal referência mundial neste tipo de tecnologia, tem uma abordagem transversal a várias áreas de actividade, associada ao aproveitamento optimizado de fundos públicos. Actualmente, o governo britânico está a apostar 19,5 milhões de libras na região (cerca de 23 milhões de euros), exclusivamente para a energia das marés e das ondas. Até 2013, a Cornualha acredita conseguir concentrar 712 milhões de libras (837 milhões de euros)para investimento em renováveis, obtidas tanto de fundos públicos britânicos, como de fundos europeus.
O principal investimento deste cluster tecnológico encontra-se na praia de Hayle. A 55 metros de profundidade e despercebido aos olhos de quem passa pela praia, está a ser desenvolvido um projecto único no mundo, o Wave Hub. À semelhança das hub para ligações USB ao computador, que apresentam várias portas de ligação, este projecto permite a ligação de futuros equipamentos de energia das ondas a uma sub-estação de energia eléctrica on-shore. O acesso à rede eléctrica a partir do mar, a 16 quilómetros da costa, faz-se através de um cabo de 10 milhas, transportado por navio em Julho deste ano.
«A Wave Hub permite que a tecnologia das ondas passe para uma escala pré-comercial», afirma Guy Lavender, administrador do projecto de 42 milhões de libras (49 milhões de euros). Com este acesso privilegiado à rede eléctrica, o objectivo é alugar o espaço de oito quilómetros quadrados para o teste de protótipos tecnológicos de energia das ondas. O primeiro cliente é a Ocean Power Technologies, que já tem um acordo assinado para testes da tecnologia PowerBuoy ao longo de vários anos. «Acredito que o Verão de 2012 seja uma visão realista para o horizonte de instalação dos primeiros equipamentos», indica o responsável. O projecto vai permitir uma produção máxima de 20 MW de energia das ondas, dividida em quatro zonas diferenciadas, com produções unitárias de 5 MW.
PRIMaRE permite vantagem na investigação
Um dos segredos para os avanços da Cornualha no sector da energia das ondas reside no capital humano especializado. O Peninsula Research Institute for Marine Renewable Energy (PRIMaRE) é um centro de investigação que congrega os esforços e conhecimentos das universidades de Exeter e de Plymouth. O PRIMaRE tem estado na linha da frente dos projectos da Cornualha em energia das ondas, a começar pelo desenvolvimento do Wave Hub.
Em paralelo, a equipa de investigação lançou, em Junho, uma bóia de monitorização das condições do mar. Ao largo da baía de Falmouth, o equipamento transmite dados para uma central em terra firme, de forma a avaliar as condições para o aproveitamento energético. Além das sondas, a bóia está equipada com câmaras de vídeo e equipamentos de análise de biodiversidade. Os investigadores tiveram também a preocupação de tornar o equipamento autónomo, através da incorporação de painéis fotovoltaicos e de um gerador eólico.
Outro dos projectos de investigação do PRIMaRE está a ser desenvolvido nas docas de Falmouth. Também pioneiro a nível mundial, o Dynamic Marine Component (Dmac) Test Facility vai permitir testar os componentes tecnológicos de protótipos de enegia das ondas. Com um investimento de 600 mil libras (706 mil euros), o Dmac recria forças marítimas, de forma a obter a resposta dos componentes num ambiente controlado. «O PRIMaRE teve a visão de melhorar a fiabilidade dos materiais e componentes, uma vez que a tecnologia das ondas ainda não está amadurecida», sublinha Tom Clifford, engenheiro de projecto do centro de investigação. O equipamento vai testar os protótipos do PRIMaRE, mas está também disponível para receber componentes de outras empresas.
fonte:ambienteonline