O projecto ESOL, constituído por oito entidades do Norte de Portugal e da Galiza, encerrou na passada quinta-feira em Chaves com um resultado prático: a implementação de sistemas geradores de energias renováveis em diferentes edifícios públicos. Em Chaves, foi optimizado um sistema de geotermia que hoje aquece a Piscina Municipal de Chaves, parte do Balneário das Termas e o Hotel Aquae Flaviae.
De uma caldeira convencional, as águas da Piscina Municipal de Chaves passaram a ser aquecidas por um sistema de captação geotérmica, baseado em energia totalmente renovável. Este é o resultado produzido pelo Projecto de Energia Sustentável Local (ESOL), cujo encerramento decorreu no Hotel Forte de São Francisco na passada quinta-feira, 26 de Maio. Ao longo dos dois últimos anos, este projecto formou um consórcio, constituído por oito entidades do Norte de Portugal e da Galiza, que investiu 1,2 milhões de euros num plano de uso de energias renováveis em edifícios públicos.
Dirigido pelo Instituto Energético da Galiza (INEGA) e pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, o projecto ESOL, co-financiado a 75% por fundos comunitários através do Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanã – Portugal 2007-2013, iniciou em 2009 e teve como objectivo avançar na gestão sustentável do meio ambiente da zona transfronteiriça, com base nos recursos renováveis existentes e crescente cooperação entre territórios. Esta parceria luso-galaica integrou os municípios portugueses de Chaves e Vinhais e os galegos de Verín, A Mezquita, Baltar e Riós.
No concelho de Chaves, o projecto, cujo investimento foi de 150 mil euros, traduziu-se na utilização da energia de um furo geotérmico existente nas Termas desde 1982, com água a 73 graus, que foi revestido com aço inox para aquecer a piscina municipal, bem como as águas sanitárias e espaço ambiental do Hotel Aquae Flaviae e parte do balneário das Termas de Chaves. Assim, graças ao aproveitamento de toda a água termal bombeada – sob forma de permutação de calor através de uma central geotérmica – “aumentámos a disponibilidade dos recursos”, explicou o director técnico da exploração de recursos da concessão das Caldas de Chaves, Manuel Cabeleira.
Aproveitamento geotérmico da captação termal para aquecimento da piscina e balneário permitiu “poupança energética muito elevada”
Ao adaptar a captação de água termal mineral para aproveitamento geotérmico para a climatização de parte do balneário termal (balneoterapia e parte musculosesquelético), houve “uma poupança energética muito elevada”, apontou Manuel Cabeleira, exemplificando que, com a caldeira convencional, a factura da energia eléctrica era “cerca de 2000 euros por mês e rondava os 4000 euros no Inverno”. Com a energia geotérmica, a mesma factura de energia eléctrica “é hoje de 20 euros por mês”, confirmou.
Já o aproveitamento geotérmico da captação termal para aquecimento da piscina também permitiu poupar 100% do custo de combustível e reduzir a emissão de 21 toneladas equivalentes de CO2 na atmosfera por ano. “Esta é uma energia totalmente limpa!”, garantiu Manuel Cabeleira. No entanto, alertou, “ é importante fazer uma exploração sustentada e equilibrada para não perturbar a composição da água”, tendo sempre em conta que é a água mineral medicinal mais quente do país, rematou Manuel Cabeleira. Com vista a não adulterar as suas características únicas, o projecto ESOL permitiu implementar sistemas de controlo e monitorização da nascente termal.
No final, a vereadora municipal Maria de Lurdes Campos avançou que, numa segunda fase, serão criadas “as estruturas necessárias para que os estabelecimentos hoteleiros da margem direita do rio Tâmega usufruam de aquecimento mais eficiente e mais barato”. Com o Balneário Romano encontrado no Largo do Arrabalde, além de um “acréscimo de recurso”, é certo que o futuro Museu das Termas Romanas será aquecido com este sistema, bem como o Tribunal, rematou Manuel Cabeleira.
Nas Jornadas de encerramento do projecto ESOL, mais de 60 alunos do curso técnico de energias renováveis da Escola Profissional de Chaves participaram nas apresentações sobre o que foi feito nas suas cidades por cada parceiro do projecto. Na Galiza, os municípios de A.Mezquita, Baltar, Riós e Verín instalaram uma central de biomassa, que distribui energia a vários edifícios públicos, como centros de saúde, pavilhão multiusos e centro cultural. Já no município que forma a Eurocidade com Chaves, Verín, foram instalados painéis solares na piscina municipal climatizada.
fonte:http://diarioatual.com/