Microalgas marcam futuro dos combustíveis
A alternativa das microalgas está a ser vista com cada vez mais interesse no sector dos biocombustíveis. Especialmente depois da chamada “crise de alimentos” de 2007, durante a qual o uso de grandes extensões de terreno para culturas energéticas esteve na mira das críticas, tornou-se premente encontrar outras formas de produção de biocombustíveis mais sustentáveis.
Em Portugal, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e a Associação Portuguesa de Transporte e Trabalho Aéreo (APTTA) iniciaram um projecto de investigação para um aproveitamento total de microalgas na produção de biocombustível destinado à aviação comercial.
A iniciativa, coordenada pelos investigadores do LNEG Alberto Reis e Luísa Gouveia, ainda está numa fase inicial, mas tudo indica que a produtividade desta matéria-prima seja superior a outras culturas energéticas.
A nível internacional, contudo, é a gigante Boeing que lidera a investigação nesta área. Há mais de três que o grupo de aeronáutica investe no desenvolvimento tecnológico destes combustíveis de segunda geração a partir de microalgas.
Com os avanços feitos a nível de I&D, a maior preocupação da Boeing é garantir uma produção suficiente de culturas energéticas de microalgas para abastecer o mercado, depois de os projectos terem sido desenvolvidos à escala-piloto.
Como vantagens, as microalgas apresentam uma maior taxa de sequestro de CO2 por hectare, quando comparadas com as oleaginosas tradicionais na produção de biocombustíveis. Além disso, a eficiência fotossintéctica e a taxa de crescimento superiores à das oleaginosas levam a maiores produtividades em óleo. Em média, a produção de biodiesel a partir de microalgas é entre 10 a 20 vezes superior à obtida com sementes de oleaginosas.
Por outro lado, a grande vantagem em termos de sustentabilidade encontra-se na diversidade de locais produção, não havendo necessidade de competição pelos terrenos agrícolas. No mar, em terrenos não agrícolas, solos rochosos ou salinas, as microalgas desenvolvem-se em qualquer terreno. O resíduo da biomassa microalgal pode também ser aproveitado, seja como fertilizante ou para obtenção de produtos naturais.
O aproveitamento de microalgas para biocombustíveis é, de facto recente, e a tecnologia necessita de ser consolidada. Para já, a própria Boeing admite que o processo de extracção energética de algas é muito mais moroso e complexo do que a produção de biocombustíveis a partir de outras culturas.
O potencial das microalgas como biocombustível não podia ser mais apetecível para as companhias aéreas, com grandes expectativas por parte de investidores e investigadores.
Resta saber, no entanto, qual será a primeira companhia a desenvolver, em larga escala e de forma estável, biocombustível a partir desta matéria-prima. A nível mundial, esta “corrida” conta com mais de 200 participantes.
fonte:http://www.ambienteonline.pt