Energia das ondas potenciada no Pico
A Central de Ondas do Pico, um projecto experimental de aproveitamento da energia do mar, poderá vir a ser um pólo de investigação europeu. Este equipamento tem, na opinião de José Cabral Vieira, ex-director regional da Energia, "condições para ser uma bandeira dos Açores no mundo e, sobretudo, na União Europeia numa altura em que a investigação e desenvolvimento (I&D) no âmbito das energias renováveis assume um papel cada mais importante".
A energia das ondas tem algum potencial mas assenta, por enquanto, em tecnologias que têm de ser aperfeiçoadas e amadurecidas. "Há quem diga que o seu estado de amadurecimento é semelhante ao do recurso eólico há cerca de 20 ou 30 anos atrás.
Deste modo, carece ainda de um grande esforço de investigação e desenvolvimento", sublinha o ex-governante. "A Central de Ondas do Pico, por ser a mais antiga em operação e uma das duas em operação na Europa, tem algumas vantagens neste processo. Importa, no entanto, limitar o seu campo de acção fundamental: um contributo para a Investigação e Desenvolvimento ao nível da energia das ondas. Na fase actual de desenvolvimento da tecnologia não podemos pensar no seu contributo para o abastecimento da ilha. Não é disso que se trata e, na minha opinião, é um erro pensar de forma diferente."
Esta central pertence ao Centro de Energia das Ondas, sedeado do Instituto Superior Técnico. Neste momento, refere Cabral Vieira, "estuda-se a possibilidade daquele centro ser transformado num Instituto de Energia Offshore (IEO), a criar no âmbito do Pólo de Competitividade e Tecnologia da Energia, o qual poderá integrar a rede europeia de infra-estruturas de I&D em energia dos oceanos. Um projecto que, para além do Instituto Superior Técnico, tem ainda como parceiros empresas de renome como a EDP, a Galp, a Efacec e Martifer. Uma ligação entre a universidade e as empresas que, pela importância e pelo prestígio de cada um dos intervenientes, nos faz antever que da mesma possam surgir projectos bem sucedidos e de grande interesse científico e comercial". No âmbito desta operação, a Central de Ondas do Pico surge como um potencial pólo do Instituto de Energia Offshore, devidamente integrado numa rede europeia. "Isto constitui, sem dúvida, uma mais-valia para os Açores que se encontram, de forma indelével, associados ao desenvolvimento da energia das ondas desde 1999, exactamente através da Central de Ondas do Pico, a primeira do mundo ligada à rede pública." Enquanto pólo de I&D, com funções de apoio a projectos científicos, a Central de Ondas do Pico desenvolverá um trabalho, no que concerne à demonstração e teste de protótipos, com impacto na economia local e regional e de apoio a empresas e à indústria a nível internacional. "De facto, uma das potencialidades da central no contexto actual é a sua contribuição para o desenvolvimento e a demonstração tecnológica, possibilitando uma melhor compreensão da tecnologia e dos componentes mais críticos da conversão energia das ondas", explica Cabral Vieira. Tem ainda potencialidades para apoiar a realização de trabalhos de investigação científica apoiados e financiados por diversas entidades e para realização de cursos e seminários. "De momento ocorre-me, por exemplo, a possibilidade da vinda de equipas de teste e investigação no âmbito de projectos como o MariNET, financiado pelo do 7º Programa Quadro."
Sucesso depende da rentabilidade da central de ondas
"A Central de Ondas do Pico, por ser a mais antiga em operação e uma das duas em operação na Europa, tem algumas vantagens neste processo. Importa, no entanto, limitar o seu campo de acção fundamental: um contributo para a Investigação e Desenvolvimento ao nível da energia das ondas. Na fase actual de desenvolvimento da tecnologia não podemos pensar no seu contributo para o abastecimento da ilha. Não é disso que se trata e, na minha opinião, é um erro pensar de forma diferente."
fonte:http://www.expressodasnove.pt/